Olá
Pessoas!
Hoje
começamos uma série que vai focar em literatura aqui no
clave. Começarei por um dos personagens que mais gosto dos
personagens do grande Robert Ervin Howard, Solomon Kane.
A
primeira vez que vi esse personagem foi no filme que recebe o mesmo
nome, a premissa me atraiu: Um puritano que busca a extinção
de demônios na terra, Um caçador de demônios (você que
leu isso e conhece o personagem, com certeza, discordou, espere
um pouco). Mal sabia eu o que me aguardava. Anos se passaram e a
impressão que a premissa do personagem deixou em mim não foi
extinguida. Em minhas pesquisas sobre o tema “Espada e feitiçaria”
encontrei ele novamente.
O
livro que encontrei foi esse, que contem em si algumas histórias do
personagem. Essas histórias não são contínuas amarradas por uma
linha narrativa pois o método de publicação na época eram as
famosas revistas pulp, isso implica em contos fechados que trazem o
mesmo protagonista. Entender o personagem na forma de um todo é
complicado pois as histórias focam no homem que ele é naquele
momento e nunca no seu passado, alguns contos te ajudam a traçar um
perfil dele. Perfil esse que praticamente não tem nada a ver com o
filme, Solomon é muito mais complexo e seu trabalho vai além de
enfrentar o sobrenatural. Solomon Kane anda pelo mundo, guiado por
Deus, erradicando a maldade utilizando de sua perícia na espada, sua
velocidade mortal e sua justiça. O puritano está sempre em busca de
ajudar a todos que são necessitados e indefesos. Claro que ele
encontra forças sobre naturais contra as quais ele geralmente não
sabe muito bem o que fazer, mas através de sua persistência e
observação descobre uma solução.
As
descrições do autor aumentam uma aura sombria que brilha sobre
Solomon Kane, dando o sentido de ele ser a mão esquerda de Deus, um
vingador preparado a extinguir o mal pelo fogo, um espadachim
solitário e acima de tudo um ser humano. Um personagem fascinante e
intrigante.
Deixarei
aqui um trecho da história Sombras vermelhas:
"
A luz do luar brilhava vagamente, criando névoas prateadas de
ilusão em meio às sombras das árvores. Uma brisa fraca sussurrava
pelo vale, carregando uma sombra que não era a bruma da lua. Um odor
mortiço de fumaça se fazia sentir.
O
homem, cujas
passadas
longas, despreocupadas porém
constantes, o
havia carregado por muitos quilômetros, desde o
pôr do
sol, parou repentinamente. Uma agitação chamou sua atenção nas
árvores,
e ele moveu-se em silêncio,
em direção às
sombras, com uma das mãos levemente pousada no cabo do florete.
Avançou
com cautela, os olhos lutando para penetrar as trevas que aninhavam
sob
as
árvores.
Aquele era um país selvagem e ameaçador, e a morte poderia estar à
sua espera sob aquelas árvores.
Então. Sua
mão largou o cabo do florete, ele se inclinou para a frente. Sem
dúvida,
a morte estava ali, mas não em uma forma que lhe pudesse causar
medo.
—
Por
todos os demônios —
ele
murmurou — Uma garota! O que a machucou menina? Não tenha
medo de mim.
A
garota olhou para ele; seu rosto parecia uma rosa branca no escuro
—
Você…
Quem é você? —
As
palavras dela saiam arfadas.
—
Ninguém
além
de um viajante, um homem sem-terra,
mas amigo de todos em necessidade —
a
gentil voz soou, de algum modo incoerente, vinda do homem.
A
garota buscou sustentar seu corpo usando o cotovelo, e ele
imediatamente se aproximou, ajoelhando-se, para colocá-la sentada,
com a cabeça apoiada em seu ombro. A mão dele, ao tocar no peito da
garota, ficou vermelha e molhada.
—
Diga-me… —
a
voz dele era macia e tranquilizadora, como alguém falando com um
bebê.
—
Le
Loup —
ela
refolegou, com a voz esmorecendo rapidamente — Ele e seus
homens atacaram nossa vila, um quilômetro
e meio, vale acima. Roubaram, mataram, queimaram...
—
Foi
essa ,então, a fumaça que vi —
murmurou
o homem — Prossiga, criança.
—Eu
corri. Ele, o Le Loup, me perseguiu... e me alcançou —
As
palavras morreram em um silencio comovente.
—
Entendo
criança. E então..?
—
Então,
ele... ele me esfaqueou... com seu punhal. Oh, Santos benditos!
Misericórdia...
De
repente seu corpo esguio amoleceu. O homem deitou-a sobre a terra e
tocou sua fronte suavemente.
—Morta —
Murmurou.
Levantou-se
devagar, enxugando mecanicamente as mãos em seu manto. Uma soturna
máscara abateu-se em seu rosto. Contudo, ele não fez nenhum voto
selvagem e temerário, nem fez promessa a santos ou a demônio.
Apenas disse friamente:
— Homens morrerão por causa disso. "
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