A coleção

Roberto olhou o relógio pela décima segunda vez nesse mesmo minuto, impaciência para acabar seu horário de trabalho, na mesma cadeira de sempre, carimbando e assinando da mesma forma papeis diferentes. Esquecera da sua coleção, que adorava tanto quando mais jovem, adorava mostrá-la em conversa com seus filhos, mas não se empenhava para pegar novidades para ela. Essa coleção é tão rara e tão única, que não há peças iguais, são únicas, de valor inestimável e Roberto sabia disso, em meio ao olhar para o relógio e bufar ele lembrou dela, como deixei tanto tempo jogada às traças? Pensou ele, mudando sua atitude, olhou pelo vidro, chovia, era um daqueles dias cinzas que dá vontade de ficar em casa debaixo de um cobertor e não levantar pra nada, o que contrastou com o olhar de roberto após lembrar de sua amada coleção.

Esqueceu do tempo, leu com uma vontade a mais, sorriu ao buscar cada detalhe de suas peças, ávido por conseguir outras, foi motivado a trabalhar com um pouco mais de vontade. O tempo voou e dentro do escritório uma pequena raridade, a guardou. Hora de ir embora e o pensamento dele estava focado em buscar mais partes do seu tesouro, pegou seu carro ligou e estava indo em direção à sua casa, quando entre a avenida Contorno e avenida Amazonas, sentiu o carro diferente, parecia que estava montado a cavalo,  parou, pneu furado. Olhou para o céu antes de sair do carro, ao sair a chuva apertou um pouco mais, novamente olhou para o céu e ao voltar seus olhos, encontrou, a felicidade o invadiu, pneu trocado, agora era só ir para casa.



Quase chegando em casa lembrou-se de uma floricultura, estava satisfeitíssimo com as novas aquisições de sua coleção, comprou três rosas para dar à Denise, estava doido para chegar em casa e mostrar as novidades para ela e seus amados filhos. Quem sabe pedir ajuda a eles para aumentar sua coleção? Chegando em casa sorridente, rosas escondidas, foi logo atacado por problemas. O lixo tinha que ser jogado fora, André, o caçula, quebrou um vaso no jardim e Juliano, o mais velho, iria dormir na casa da namorada, sem avisar pelo menos uma semana antes para Denise, mesmo sabendo que ela gostava de planejar seus dias.

Retirou as flores do esconderijo, os problemas se desfizeram em um olhar e um sorriso, achou então um novo momento para sua coleção de felicidades. Foi conversar com André e num tom de alerta disse carinhosamente para que o menino tomasse mais cuidado e não jogasse bola perto dos vasos e janelas. Ligou para juliano e com calma fez ele compreender que ele já tinha 18 anos, mas tinha que manter o respeito com seu pai e sua mãe avisando um pouco antes o que faria em sua semana, afinal sua mãe adorava a presença de todos na hora do jantar.

Na mesa de jantar então mostrou sua novas joias a todos:

- O dia de vocês foi cheio, agora vou contar o meu. Hoje, um pouco antes de sair do trabalho, vi o Adélcio, aquele do departamento, o barbudo, ele estava levando a Dona Glória, a faxineira de cabelos brancos, aquela que esta na empresa a 50 anos, para o ponto de ônibus de guarda chuva pra ela não pegar um resfriado, achei bonita a atitude dele. Saindo de lá, meu pneu furou e um cara desconhecido foi me ajudar a trocá-lo, não me cobrou nada, foi ó pra ajudar mesmo, engraçado neh!? Fiquei muito feliz, então decidi passar na floricultura pra trazer essas flores e dividir um pouquinho dessa felicidade com você, meu bem!


Um pouco antes de dormir, ele pensou nas peças de sua coleção e entendeu que se ele fosse determinado o suficiente, iria conseguir inúmeras peças por dia, afinal, em um curto espaço de tempo ele havia pego três.

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