O Dia é dedicado ao mártir da Inconfidência Mineira, Tiradentes ( Joaquim José da Silva Xavier). Que foi o único condenado à morte pela conspiração contra a Coroa Portuguesa e muitos anos depois, foi reconhecido como herói nacional, quando o Brasil se tornou república. O movimento em si, surgiu com um grupo de amigos intelectuais em busca da libertação de nossas terras das mãos dos portugueses. Considerado de elite, não tinha caráter abolicionista, mas queria por fim aos impostos abusivos praticados pela Coroa.
Mas a parte histórica, mesmo que em graus diferentes, a grande maioria de nós conhece. Hoje, então, falaremos de um ponto específico, que raramente vemos sendo trabalhado, a poesia na Inconfidência.
Como já mencionado, o grupo era formados de intelectuais da elite mineira, portanto entre seus integrantes encontramos muitos que, tiveram inclusive a oportunidade de estudar nas Universidades de Portugal. O que inclusive, lhes possibilitou mais discernimento quanto à situação da colônia e uma sensibilização maior para com os fatos que estavam ocorrendo.
Não era raro encontrar membros do grupo entre os Saraus que ocorriam na cidade de Ouro Preto. Suas poesias eram marcadas pelo período do Arcadismo, que fugindo dos excessos do Barroco, buscava uma realidade mais simples e muitas vezes apresentava os homens em forma de pastores e as mulheres como musas que os poetas idealizavam como uma mulher cheia de virtudes.
Com estas características surge a obra que é considerada uma versão "Romeu e Julieta" mineira, Marília de Dirceu, escrita pelo português Tomás Antônio Gonzaga, o Ouvidor da então capital mineira. As liras retratam seu amor por Maria Dorothea Joaquina de Seixas, a Marília, uma jovem que tinha menos da metade de sua idade, mas que marcou seu coração, como relata na lira abaixo:
Lira II
Mas a parte histórica, mesmo que em graus diferentes, a grande maioria de nós conhece. Hoje, então, falaremos de um ponto específico, que raramente vemos sendo trabalhado, a poesia na Inconfidência.
Como já mencionado, o grupo era formados de intelectuais da elite mineira, portanto entre seus integrantes encontramos muitos que, tiveram inclusive a oportunidade de estudar nas Universidades de Portugal. O que inclusive, lhes possibilitou mais discernimento quanto à situação da colônia e uma sensibilização maior para com os fatos que estavam ocorrendo.
Não era raro encontrar membros do grupo entre os Saraus que ocorriam na cidade de Ouro Preto. Suas poesias eram marcadas pelo período do Arcadismo, que fugindo dos excessos do Barroco, buscava uma realidade mais simples e muitas vezes apresentava os homens em forma de pastores e as mulheres como musas que os poetas idealizavam como uma mulher cheia de virtudes.
Com estas características surge a obra que é considerada uma versão "Romeu e Julieta" mineira, Marília de Dirceu, escrita pelo português Tomás Antônio Gonzaga, o Ouvidor da então capital mineira. As liras retratam seu amor por Maria Dorothea Joaquina de Seixas, a Marília, uma jovem que tinha menos da metade de sua idade, mas que marcou seu coração, como relata na lira abaixo:
Lira II
Pintam, Marília, os Poetas
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.
Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.
Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.
Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.
Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.
Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver-me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava:
Vendo o que via, baixava
A modesta vista ao chão.
Chamei-lhe um dia formoso:
Ele, ouvindo os seus louvores,
Com um gesto desdenhoso
Se sorriu, e não falou.
Pintei-lhe outra vez o estado,
Em que estava esta alma posta;
Não me deu também resposta,
Constrangeu-se, e suspirou.
Conheço os sinais, e logo
Animado de esperança,
Busco dar um desafogo
Ao cansado coração.
Pego em teus dedos nevados,
E querendo dar-lhe um beijo,
Cobriu-se todo de pejo,
E fugiu-me com a mão.
Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.
Assim como Tomás e Maria Dorothea, outros casais assim se apresentavam, como Bárbara Heliodora e Alvarenga Peixoto, sendo ela considerada a primeira poetisa do Brasil e uma mulher de rara e bela personalidade. Dentre as obras que mostram a união e o companheirismo do casal está a poesia de Alvarenga à sua amada:
A um menino vendado,
Com uma aljava de setas,
Arco empunhado na mão;
Ligeiras asas nos ombros,
O tenro corpo despido,
E de Amor, ou de Cupido
São os nomes, que lhe dão.
Porém eu, Marília, nego,
Que assim seja Amor; pois ele
Nem é moço, nem é cego,
Nem setas, nem asas tem.
Ora pois, eu vou formar-lhe
Um retrato mais perfeito,
Que ele já feriu meu peito;
Por isso o conheço bem.
Os seus compridos cabelos,
Que sobre as costas ondeiam,
São que os de Apolo mais belos;
Mas de loura cor não são.
Têm a cor da negra noite;
E com o branco do rosto
Fazem, Marília, um composto
Da mais formosa união.
Tem redonda, e lisa testa,
Arqueadas sobrancelhas;
A voz meiga, a vista honesta,
E seus olhos são uns sóis.
Aqui vence Amor ao Céu,
Que no dia luminoso
O Céu tem um Sol formoso,
E o travesso Amor tem dois.
Na sua face mimosa,
Marília, estão misturadas
Purpúreas folhas de rosa,
Brancas folhas de jasmim.
Dos rubins mais preciosos
Os seus beiços são formados;
Os seus dentes delicados
São pedaços de marfim.
Mal vi seu rosto perfeito
Dei logo um suspiro, e ele
Conheceu haver-me feito
Estrago no coração.
Punha em mim os olhos, quando
Entendia eu não olhava:
Vendo o que via, baixava
A modesta vista ao chão.
Chamei-lhe um dia formoso:
Ele, ouvindo os seus louvores,
Com um gesto desdenhoso
Se sorriu, e não falou.
Pintei-lhe outra vez o estado,
Em que estava esta alma posta;
Não me deu também resposta,
Constrangeu-se, e suspirou.
Conheço os sinais, e logo
Animado de esperança,
Busco dar um desafogo
Ao cansado coração.
Pego em teus dedos nevados,
E querendo dar-lhe um beijo,
Cobriu-se todo de pejo,
E fugiu-me com a mão.
Tu, Marília, agora vendo
De Amor o lindo retrato,
Contigo estarás dizendo,
Que é este o retrato teu.
Sim, Marília, a cópia é tua,
Que Cupido é Deus suposto:
Se há Cupido, é só teu rosto,
Que ele foi quem me venceu.
Assim como Tomás e Maria Dorothea, outros casais assim se apresentavam, como Bárbara Heliodora e Alvarenga Peixoto, sendo ela considerada a primeira poetisa do Brasil e uma mulher de rara e bela personalidade. Dentre as obras que mostram a união e o companheirismo do casal está a poesia de Alvarenga à sua amada:
"Bárbara Bela
Do norte estrela
Que o meu destino
Sabe guiar
De ti ausente
Triste somente
As horas passo
A suspirar
Pôr entre as penhas
De incultas brenhas
Cansa-me a vista
De te buscar
Porém não vejo
Mais te desejo,
Sem esperança
De te encontrar
Eu também queria
A noite e o dia
Contigo pode passar
Mas orgulhosa
Sorte invejosa,
D’esta fortuna
Me quer privar
Tu, Entre os braços,
Temos abraços
Da filha amada
Pode gozar,
Priva-me da estrela
De ti e D’ela
Busca dou modos
De me matar!".
Saindo do contexto amoroso dos poetas da Inconfidência, voltamos à Tomás Antônio Gonzaga, que agora se apresenta como Critrilo, e traz as Cartas Chilenas. Um conjunto de poemas satíricos, que só foram atribuídos à ele muito tempo após sua morte, mas que causaram grande alvoroço na Vila Rica de sua época, devido as fortes críticas às irregularidades que haviam principalmente na administração do Governador Luís Cunha Menezes (que era tratado por ele como o Fanfarrão Minésio). O nome da obra, se deve ao fato de que a cidade de Ouro Preto era tratada pelo nome de Chile nas cartas, para que seu conteúdo não fosse facilmente interpretado.
Outro poeta muito conhecido por suas obras de reflexão ao governo era Claudio Manoel da Costa, que se apresentava como Glauceste Saturnio. Sua escrita inicialmente foi marcada de um estilo cheio de reflexões sobre a vida da cidade, mais ligado à escrita barroca. Posteriormente tomou um tom mais bucólico e se aproximou da escrita arcadista que foi compilada como Obras (1768). Tendo também publicado sobre os bandeirantes, desbravadores e a história de Ouro Preto no poemeto épico Vila Rica(1773).
Outro poeta muito conhecido por suas obras de reflexão ao governo era Claudio Manoel da Costa, que se apresentava como Glauceste Saturnio. Sua escrita inicialmente foi marcada de um estilo cheio de reflexões sobre a vida da cidade, mais ligado à escrita barroca. Posteriormente tomou um tom mais bucólico e se aproximou da escrita arcadista que foi compilada como Obras (1768). Tendo também publicado sobre os bandeirantes, desbravadores e a história de Ouro Preto no poemeto épico Vila Rica(1773).
Gostou do assunto? Em Belo Horizonte o Memorial Minas Gerais Vale tem uma sessão só sobre a cidade e os inconfidentes que vale a pena ser visitada! Em Ouro Preto ... bom a cidade inteira vale a pena ser visitada, lá você consegue respirar história!
Se inspirem!
Wow adorei!
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